Mesmo derrotado nas urnas, Pedro tem motivos políticos para comemorar
O ex-candidato a governador Pedro Cunha Lima (PSDB) concedeu aquela tradição entrevista coletiva pós-eleição para falar sobre os resultados. O encontro com a imprensa foi quase protocolar. Pedro agradeceu à votação, desejou sorte ao eleito e, ao avisar que vai fiscalizar a aplicação dos recursos da educação, voltou a defender sua principal bandeira de campanha.
Assegurou que não vai disputar as eleições de 2024 (prefeito e vereadores) e deixou dúvidas sobre 2026. Mas comparou a campanha ao ato de plantar sementes, uma metáfora que não deixa dúvidas de que, em algum momento, vai voltar para realizar a colheita do que plantou. Havia uma alegria em Pedro que não é própria de quem perde uma eleição para governador.
Por que Pedro apareceu com semblante leve mesmo depois do revés eleitoral?
A história e cenários que se descortinam oferecem boas explicações.
Lógico que Pedro não iria falar de planos ou projetos menos de uma semana depois do fechamento das urnas. Foi falar com a imprensa para tentar consolidar a imagem de um político diferente, elegante, preocupado com o futuro do Estado, que buscou transmitir durante toda a campanha.
A falta de ênfase no seu futuro político, durante a entrevista, não quer dizer que Pedro Cunha Lima não esteja interessado nas eleições futuras. Está totalmente interessado, uma vez que Pedro representa um grupo que tem buscado insistentemente o poder na Paraíba e ele se tornou a ponta de lança desse agrupamento político. Pedro, com apenas 34 anos, chegou ao posto que já foi ocupado pelo avô, Ronaldo Cunha Lima, e o pai, Cássio Cunha Lima, que já foram governador e senador, os cargos políticos mais importantes do Estado. Filho de peixe...
Nos últimos 32 anos, o grupo Cunha Lima participou da chapa majoritária estadual em todas as eleições realizadas, menos a de 1998, quando disputou e perdeu a convenção de indicação de candidato a governador pelo PMDB, embate que definiu as eleições por antecipação. Venceu em 1990 com Ronaldo Cunha Lima e 2002 e 2006 com Cássio Cunha Lima. Além disso, os dois ganharam eleições para o Senado em 1994 e 2010. São cinco eleições vitoriosas e derrotas nas disputas em 2014 (governador, com Cássio), em 2018 (senador, com Cássio) e agora, em 2022 (governador, com Pedro).
A verdade parece ser de que, desde o início, o grupo Cunha Lima queria a candidatura de Pedro. Nilvan Ferreira (PL) e Romero Rodrigues (PSC) foram ensaios necessários para a possíveis composições de alianças futuras (eleitoral ou política).
O mais novo líder da família Cunha Lima carrega o semblante da missão cumprida. Foi competitivo na concorrência pelo governo e ainda manteve o protagonismo da família na disputa pelo poder estadual. E 2026 está bem ali. Pedro perdeu nas urnas, mas foi um vencedor na política. Tem o que comemorar, se quiser.
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