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Coluna - Josival Pereira

Eleições nos Estados Unidos dão sinais de enfraquecimento da direita conservadora radical

Por Josival Pereira Publicado em
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(Imagem: Google/Reprodução)

As eleições de meio de mandato (midterms) nos Estados Unidos, ocorridas nesta última terça-feira, emitiram alguns sinais interessantes para a abalada democracia representativa ocidental.

O primeiro, e talvez mais importante desses sinais, é o que a imprensa americana trata como derrota do ex-presidente Donald Trump. Significa o enfraquecimento do conservadorismo de direita mais radical. Trump, que se envolveu intensamente nas eleições, escolhendo aliados mais próximos como candidatos, anunciou uma grande onda vermelha e a onda não apareceu.

Boa parte da imprensa americana também acreditou na onda vermelha. Afinal, o governo democrata de Joe Biden tem índices baixos de aprovação, a inflação está em alta (mais de 8%) e a tradição é que o partido que está no governo sofre grandes derrotas nas eleições de meio de mandato. Para se ter ideia, em 1994, com Bill Clinton na Casa Branca, os Democratas perderam 54 cadeiras na Câmara; em 2010, com Barack Obama, o partido governista perdeu 63 cadeiras, e em 2018, com Trump no poder, os Republicanos perderam 41 cadeiras. Agora, os Democratas devem perder pouco mais de 20 cadeiras e ainda têm chances de manter o controle do Senado (ainda faltam 4 resultados e os Democratas precisam eleger só mais um).

O resultado foi tão ruim para Trump que já se fala em nova era no partido Republicano, com a possível candidatura do governador da Flórida, Dion DeSantis, e o ex-presidente está pedindo o adiamento da escolha do candidato do partido à presidência para tentar se reorganizar.

Mas o conservadorismo extremo de Trump sofreu outras derrotas significativas. Os líderes republicanos mais radicais que negaram o resultado das eleições de 2020 e atuaram para impedir o reconhecimento da vitória de Joe Biden perderam nas urnas. O The Washington Post estima em 87 os negacionistas derrotados. A CNN contabiliza 12 secretários de Estado, 22 governadores e 19 senadores.

Parece ter também alvíssaras para a questão da desinformação, espalhada através de fake news. Há registros de arrefecimento nessa campanha de meio de mandato nos Estados Unidos. O jornal The Washington Post fala “em menos desinformação”. O New York Times registra que “a desinformação fluiu durante a eleição, mas, dessa vez, menos dela parecia ficar”. A análise é que, diferentemente de 2016 e 2020, quando Trump fez campanhas fartamente baseadas em fake news, tendo vencido uma e perdido a outra, agora as notícias falsas já não foram tão levadas em consideração.

Curiosamente, os Democratas seguraram a onda vermelha com uma reação popular contra decisão da Suprema Corte que, há quatro meses, decidiu que o aborto não é um direito constitucional. Os Democratas denunciaram o fato como sendo supressão de um direito individual e pregaram que os conservadores poderiam acabar com outros direitos incorporados ao dia a dia da população. Resultado: houve um crescimento de cerca de 27% na participação de eleitores defensores da liberdade para a mulher decidir sobre o aborto e foram aprovadas leis nesse sentido até em Estados tradicionalmente conservadores.

Outro sinal de inclinação mais progressista do eleitorado americano foi o aumento da participação de jovens, resultando na eleição do primeiro congressista da geração Z, Maxwell Frost, de 25 anos, que, diferente dos jovens parlamentares brasileiros, fez campanha focada no controle de armas, mudanças climáticas, de saúde mais acessível e direito ao aborto.

Ao final, pode não ter ocorrido nenhuma mudança, mas, concretamente, os sinais oriundos das eleições americanas são de enfraquecimento da direita conservadora radical.

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Josival Pereira

JOSIVAL PEREIRA, natural de Cajazeiras (PB), é jornalista, advogado e editor-responsável por seu blog pessoal.

Em sua jornada profissional, com mais de 40 anos de experiência na comunicação, atuou em várias emissoras Paraibanas, como diretor, apresentador, radialista e comentarista político.

Para além da imprensa, é membro da Academia Cajazeirense de Letras e Artes (Acal), e foi também Secretário de Comunicação de João Pessoa (2016/2020), Chefe de Gabinete e Secretário de Planejamento da Prefeitura de Cajazeiras (1993/1996).

Hoje, retorna à Rede Tambaú de Comunicação, com análises pontuais sobre o dia a dia da política nacional e paraibana.