É ilusão ou o governador já estaria revelando nova postura política?
Duas reuniões realizadas pelo governador João Azevedo no fim de semana deixaram o mundo político um tanto admirado. O governador recebeu o presidente da Assembleia, Adriano Galdino, e o deputado Branco Mendes, ambos do Republicanos, para conversas sobre a disputa para a presidência da Mesa da Assembleia.
A admiração decorre do fato de que o governador estaria agindo de forma de diferente do jeito que agiu nas articulações da campanha eleitoral, sobretudo no período de formação das coligações e de composição da chapa, quando demonstrava dificuldades em conversar com algumas lideranças políticas.
À época, pela boca dos próprios aliados, eram comuns declarações reclamando da falta de diálogo com o governador em torno das articulações políticas, postura apontada como a causa de rompimentos de alguns aliados.
Não sendo uma ilusão momentânea, a presteza com que o governador age no caso da disputa pela Mesa da Assembleia indica uma mudança de postura política, que é a da iniciativa do diálogo, do protagonismo da ação.
Pode-se suspeitar que, lá atrás, no início da campanha, a falta de apetite do governador para determinadas conversas tenha tido motivação política. Talvez ali João Azevedo tenha decido fazer escolhas mais estreitas, mesmo correndo riscos eleitorais. No entanto, ficou a imagem de certa desatenção pelo comando político, mas, ao final, deu certo e o governador parece se reinaugurar agora, com uma postura mais proativa.
As reuniões com Adriano Galdino e Branco Mendes, além de outras já anunciadas, parecem revelar um governador mais pleno de poder. A postura seria fruto do resultado eleitoral. Não pela aritmética das urnas, mas pela expressão política do resultado. Afinal, tratou-se de uma eleição na qual João Azevedo comandou todo processo desde o início, compondo seu campo de alianças um pouco mais enxuto, escolhendo um partido e formatando um discurso coerente com sua própria história.
E por que o governador João Azevedo estaria assim tão interessado ou preocupado com a eleição da Mesa da Assembleia?
Uma primeira razão seria a de exercer comando, botar pra fora a liderança conferida pelas urnas, dando relevo à capacidade de diálogo. Uma outra seria, especialmente, a de evitar desintegração de sua base na Assembleia a partir da tentação de acordos de grupos governamentais com a oposição.
Ambas as razões também indicam, nas entrelinhas, um governador preocupado em realizar uma gestão de porte a ficar marcada na história (por isso não poder ter problemas na Assembleia) e, politicamente, talvez mais ambicioso em termos de futuro. A lógica, no mundo da política, é que ninguém descura do poder que tem.