Políticos da Paraíba pensam pequeno
Vem do interior do Estado a comprovação de que os políticos da Paraíba pensam pequeno. Em texto publicado em portais de notícias de Cajazeiras (Diário do Sertão e Coisas de Cajazeiras), o empresário Alexandre Cartaxo Costa, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) da cidade e diretor da Fecomércio/PB, expressa quais seriam os anseios da região após o resultado das eleições, com a vitória do governador João Azevedo sedimentada nas urnas do interior.
Com o título “A força do Sertão”, Costa lembra que o interior deu mais de 304 mil votos de maioria ao governador, permitindo que ele superasse derrotas em Campina Grande, João Pessoa e cidades da região metropolitana da Capital e cobra mais atenção dos gestores e políticos para o interior.
O empresário reclama da distribuição das emendas de bancada para o Orçamento de 2023, que, segundo ele, das 15 propostas, apenas duas contemplaria o Sertão: o ramal da transposição na região do Piancó e o Hospital de Traumas de Patos. “Invariavelmente, todos os anos, as cidades de João Pessoa e Campina Grande levam tudo, só nos restam migalhas”, protesta.
O inconformismo do líder empresarial com o descaso em relação ao Sertão o leva, inclusive, a defender que chegou a hora do interior ter seu candidato a governador: “Precisamos de um governador sertanejo para combater o gritante desnível econômico no Estado onde mais de 70% do nosso PIB concentra-se em apenas cinco municípios, redirecionando o eixo de investimentos para o interior objetivando equilibrar nossos indicadores econômicos e sociais entre todas as regiões do Estado”.
A surpresa aparece com a clareza das propostas que o empresário Alexandre Costa apresenta como “perfeitamente factíveis para mitigar esse cruel desnível econômico”: implantação da Zona Franca do Semiárido; um novo traçado da ferrovia Transnordestina derivando da cidade Missão Velha (CE) cruzando todo o Estado até o porto de águas profundas no litoral; iniciar a duplicação da BR-230 no sentido Cajazeiras a Campina Grande e implementar linhas aéreas regulares do sertão ao litoral.
Perceba-se, no detalhe, que o empresário quer o início da duplicação da BR-230 lá em Cajazeiras e não na outra ponta, que termina sendo um projeto em torno de Campina Grande, necessário, mas com previsão de chegar apenas na praça do Meio do Mundo. Dois desses projetos (Zona Franca do Semiárido e duplicação da BR-230) já entraram ou ainda entram no radar dos parlamentares, mas sem o entendimento da dimensão dos mesmos para impactar o desenvolvimento da Paraíba e defesa com o arrojo que merecem. Em relação a Transnordestina, nem se fala.
Veja-se que todas são propostas de desenvolvimento estratégico Estado, não apenas do Sertão, e conclua-se que, ao não discutir e não incorporar projetos dessa grandeza, os políticos paraibanos pensam muito pequeno.
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