Efraim senador: receita de ousadia, pertinácia, planejamento, conjunções e uma boa dose de sorte
Os méritos de Efraim são o da ousadia, determinação e o planejamento minucioso
A eleição do deputado Efraim Filho (União) para o Senado, quer se queira ou não, merece registro no livro principal da história das disputas eleitorais na Paraíba, uma vez que alicerçada num conjunto de fatos até certo ponto inusitados.
Os méritos de Efraim são o da ousadia, determinação e o planejamento minucioso.
Evidente que, ao se jogar na disputa, lá atrás, há mais de um ano e meio, Efraim deve ter feito uma leitura da conjuntura política da Paraíba e enxergado a oportunidade e a possibilidade de concorrer ao Senado com chances de vencer.
Havia uma experiência para servir de apoio, que era a eleição do pai, Efraim Morais, para o Senado, nas eleições de 2002. O quadro não era o mesmo. A ideia da época talvez tenha sido a de que a exponencial liderança e promissor potencial eleitoral do então jovem prefeito Cássio Cunha Lima ajudassem a eleger os dois candidatos a senador da chapa (o outra era o ex-governador Wilson Braga).
Na reta final, Efraim percebeu que precisava fazer um trabalho solo e, inteligentemente, colou nos Cunha Lima em Campina Grande e venceu com pouco mais de 23 mil votos à frente de Braga. A outra vaga foi conquistada pelo então ex-governador José Maranhão, do PMDB.
Qual era a conjuntura do primeiro semestre de 2021 quando Efraim Filho se lançou candidato?
Das lideranças mais antigas, havia a possibilidade de os ex-governadores Ricardo Coutinho e Cássio Cunha Lima, além do senador José Maranhão, serem candidatos a senador. Cássio já se manifestava que não seria candidato e Ricardo já estava inelegível. Então, dava para encarar Maranhão, já em declínio eleitoral. Dos novos, havia a intenção de Aguinaldo Ribeiro ser candidato.
A oportunidade estava aberta, então. Deve ter sido aí que Efraim Filho, com a experiência do pai, decidiu antecipar a candidatura. O objetivo era ocupar espaços, o que conseguiu, com certos solavancos, mas conseguiu.
Segurar a candidatura por quase dois anos é um feito. A literatura eleitoral indica que candidaturas que se esticam no tempo não se sustentam. Efraim Filho conseguiu por causa das circunstâncias. O senador José Maranhão acabou morrendo, Aguinaldo tentou seguir a tática de só se definir de última hora e foi tragado nos apoios e eleitoralmente, e Ricardo se manteve inelegível.
Abrir mão dos colégios eleitorais que tinha conquistado como deputado federal para conquistar apoios e suportar a pressão para desistir serviram para mostrar que o projeto era irreversível.
Outro momento decisivo foi o do rompimento com o governador João Azevedo e da aliança com deputado Pedro Cunha Lima. Ajudou a consolidar a ideia de que não abriria mão do projeto de ser candidato a senador. Nesse ponto, também tinha um componente tático, que era não ter adversários no mesmo campo e ainda ganhar a possibilidade de contar com um colégio eleitoral de força (Campina Grande).
A partir desse instante se juntaram todos os fios das circunstâncias e conjunções favoráveis: Aguinaldo desistiu e deixou João Azevedo sem candidato, a esquerda se dividiu com Ricardo compondo chapa com Veneziano Vital do Rego, a direita conservadora também se dividiu e lançou dois candidatos ao Senado e já não havia mais a eterna candidatura do ex-governador José Maranhão. Acrescente-se a isso o fato de o esquema do governador só apresentar a candidatura da deputada Pollyanna Dutra nas convenções. Mão na roda.
Em síntese, pode-se dizer que a vitória de Efraim é o resultado de bastante ousadia, pertinácia, planejamento, além de circunstâncias e conjunções favoráveis. No popular, seria coragem, oportunidade e uma dosagem de sorte.