Muito grave: num único dia, organização recebeu 348 ofensas a nordestinos
O Brasil não está levando a sério, como deveria, os casos de xenofobia e preconceito contra os nordestinos oriundos das regiões Sudeste e Sul por causa do resultado do primeiro turno das eleições.
É verdade que existe uma condenação genérica, incluindo aí a demissão, pela OAB, de uma advogada de Minas Gerais que fez postagens preconceituosas logo após a divulgação dos resultados.
O problema é que, além da grande quantidade, agora, de manifestações xenofóbicas, o lamentável sentimento, como reação estúpida ao resultado de uma disputa política, pode estar se consolidando. As ofensas aos nordestinos já ocorrerem em 2018.
A central da organização não-governamental de proteção aos direitos humanos Safarnet Brasil recebeu somente na última segunda-feira, dia seguinte ao da votação em primeiro turno, 348 registros de xingamentos aos nordestinos partidos de bolsonaristas inconformados com o resultado eleitoral na região. Foram 14 denúncias de xenofobia por hora. O número quase supera as reclamações de 6 meses (358 casos).
Os xingamentos da mesma espécie contra os nordestinos já haviam ocorrido em 2018. Num único dia, após o segundo turno, foram criadas 305 páginas na internet para promover o preconceito e o ódio contra os nordestinos. Um crescimento de 342% em relação ao dia seguinte ao primeiro turno nas eleições daquele ano.
A evidência é que não existe um combate sério, com envolvimento das autoridades construídas, contra o preconceito aos nordestinos, quase sempre associado à indigência intelectual (analfabetismo e burrice) e trabalhadores de categorias inferiores, que se misturam, muitas vezes, com o racismo.
Os políticos terminam piorando as coisas. O presidente Jair Bolsonaro, ao invés de fazer uma condenação incisiva às manifestações de seus seguidores, acabou ajudando ao movimento preconceituoso, atribuindo o suposto analfabetismo dos nordestinos a gestões do PT na região. Do outro lado, Lula disse que, quem tiver sangue nordestino, não pode votar no “monstro”. Ódio estimulado dos dois lados.
O Brasil não pode cair nessa armadilha. Do jeito que existe hoje a violência política, não tarda a se instalar a violência irmãos brasileiros de regiões diferentes. Urge o combate a esse movimento que estimula o ódio. Precisa ser da sociedade, mas, exige, sobretudo, liderança institucional.
Censo e contrassenso
Pesquisa PoderData, divulgada nesta quinta-feira, apurou que 92% dos eleitores da candidata Simone Tebet (MDB) deverão votar em Lula. Do eleitorado de Ciro, 46% revelam voto em Lula e 54% em Bolsonaro, além dos já foram no primeiro turno.
Precipício à vista
As promessas do presidente Jair Bolsonaro para 2023 já somam R$158,6 bilhões, segundo o Observatório Fiscal da Fundação Getúlio Vargas. E ainda faltam a dívidas da Caixa e a convocação de policiais rodoviários. Pior: não diz de onde a grana vai sair.
Limpinho
O candidato Pedro Cunha Lima (PSDB) não tem participado de reuniões para o fechamento de apoios. Assessores alegam que ele anda se preparando para debates. Mas prefeitos e líderes mais desconfiados avaliam que ele evita se comprometer.
Sangue nas veias
O médico paraibano Dimas Gadelha (PT) deputado federal eleito no Rio de Janeiro, é neto do também médico Dr. Lêlelo (Antônio de Paiva Gadelha), que exerceu 6 mandatos de deputado estadual na PB (1947 a 1970). Era tio de Marcondes Gadelha.
Lindbergh, reabilitado
O ex-cara pintada e líder das manifestações estudantis contra Collor de Melo no início da década de 1990, o paraibano Lindbergh Farias (PT), se reabilitou politicamente e se elegeu deputado federal pelo Rio de Janeiro, com 152.219 votos. Bom para a Câmara.
Boa safra
As eleições parlamentares produziram uma boa safra de deputados oriundos de mandatos recentes em Prefeituras. Dois renunciaram aos mandatos para se candidatar – Chico Mendes (PSB) e Dr. Romualdo (MDB). Outros ex-prefeitos eleitos foram Fábio Ramalho (PSDB), João Paulo (PP) e Gilbertinho (União). A lista pode ganhar ainda o nome de Luciano Cartaxo (PT) e Eduardo Brito (Solidariedade).
Reservas
Alguns ex-prefeitos ou vice não conseguiram se eleger e vão compor um bom banco de reservas na Assembleia. São eles Nilson Lacerda, Airton Pires, Pedrito e Aledson Moura, todos do União Brasil. Pensaram em um ajudar o outro, mas perderam unidos.