Qual seria a reação dos eleitores se tivessem conhecimento do que se discute nos bastidores das campanhas eleitorais para definir apoios e adesões, sobretudo agora por ocasião do segundo turno?

Podem ter certeza que existem negociações insondáveis, que vão desde assuntos atinentes a interesses pessoais ou de grupos, passando por questões de poder e da própria política.

Impossível (ou quase) se penetrar, como é fácil deduzir, no mundo dos assuntos de interesses mais particulares, mas é possível, sim, não apenas descortinar as razões de algumas decisões políticas pelo óbvio dos confrontos e disputas envolvidas como levantar informações que circulam com certa abundância nas rodas partidárias.

O movimento de prefeitos, ex-prefeitos e outras lideranças municipais se alinhando de um lado ou do outro geralmente tem explicações nas próprias disputas locais. Se um lado está com o governador João Azevedo, o outro vai automaticamente vai para Pedro Cunha Lima. O foco são as eleições de 2024.

No interior do Estado, as decisões de apoios são de mais fácil entendimento porque quase sempre existem apenas duas forças políticas na disputa local. Em cidades como João Pessoa, porém, a pluralidade de agrupamentos políticos torna os movimentos políticos mais complexos. Mesmo assim, existem deduções lógicas. Como o governador João Azevedo já tem uma aliança com o prefeito Cícero Lucena, dificilmente, vai receber apoios de outros candidatos a prefeito. Em relação a Pedro, os postulantes – Walber Virgulino, Ruy Carneiro e Nilvan Ferreira - vão disputar o compromisso para 2024, mas tudo vai depender das urnas.

O eleitor pode ter certeza também que já existem muitas negociações para 2026, quando ocorrerão novas eleições para governador, e até para bem além disso, 2040, 2050, por aí.

No agora, a oposição, por exemplo, estaria tentando atrair o apoio do Republicanos, garantindo a Hugo Motta a segunda vaga para a disputa ao Senado em 2026. Uma vaga já teria o senador Veneziano Vital do Rego como candidato à reeleição. Serão duas vagas em disputa.

Do outro lado, existiria entre os líderes partidários sondagem sobre o futuro controle político da Paraíba com a reeleição do governador João Azevedo, que já estará com 72 anos. Uma aposta é que não haverá mais ânimo ao governador para continuar na política. Ele próprio já estaria emitindo sinais nesse sentido. Imagina-se, então, que a família Ribeiro tenderia a assumir o poder estadual a partir de 2026, uma vez que teria Lucas Ribeiro como vice-governador e a senadora Daniella Ribeira podendo disputar a reeleição ou o governo.

Pasme-se, mas existem discussões sobre o poder para além de 2026. Avalia-se que a família Cunha Lima estaria novamente montando um plano de poder de mais longa duração. Eleito, Pedro poderia ficar no governo por 8 anos e o grupo teria outras lideranças em ascensão para mais 8 e até mais, garantindo poder para 16 anos ou mais de 20. O domínio político em Campina Grande e de órgãos institucionais seriam as colunas de base do poder sonhado. Essa mesma conversa ocorreu quando Cássio assumiu o governo em 2003. A cassação de seu mandato, em 2009, teria interrompido a sequência de poder do grupo liderado pela família.

Pode ser que tudo não passe de especulações, sondagens ou contraofensivas de campanha, mas essas conversas estão efetivamente ocorrendo nos bastidores do segundo turno. Dirigentes e líderes partidários só discutem a perspectiva de poder e deixaram totalmente de lado possíveis preocupações com desenvolvimento da Paraíba e a melhoria das condições de vida do povo. A Paraíba e seu povo seriam apenas detalhes. Lamentavelmente, tem sido assim.