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Coluna - Josival Pereira

Eleitores remanchões e ronceiros são a causa dos erros das pesquisas

Por Josival Pereira Publicado em
Um dos principais objetivos de uma pesquisa é conhecer o número de pessoas que votariam em determinado candidato
Um dos principais objetivos de uma pesquisa é conhecer o número de pessoas que votariam em determinado candidato (Foto: Divulgação/TSE)

O presidente da Câmara Federal, Artur Lira (PP), e deputados bolsonaristas tentam apressar a votação de projetos de lei que estabelecem sanções criminais aos institutos de pesquisas que errarem previsões apontadas por levantamentos eleitorais próximo à data das eleições.

Os institutos de pesquisas, com diferenças significativas entre os números de pesquisas e o resultado das urnas, têm oferecido razões para questionamentos e reclamações, mas a criminalização das empresas já parece uma radicalização meio extremada e uma medida de duvidosa efetividade.

O problema talvez não esteja nos institutos de pesquisas, mas numa parcela respeitável do eleitorado, que deixa para definir o voto nas últimas semanas, últimos dias e até no dia da eleição.

Tentando entender o que ocorreu agora, no primeiro turno das eleições, o instituto IPEC Inteligência perguntou aos eleitores, na semana passada, quando havia definido o seu candidato a presidente da República. Os números desse quesito não foram divulgados provavelmente para não alimentar a polêmica sobre supostos erros das pesquisas, mas são interessantes e um bom material para análises dos próprios políticos, cientistas e jornalistas.

- 76% afirmaram que haviam decidido o voto logo no início da campanha, quando ficaram sabendo quem eram os candidatos;

- 7% disseram ter decidido em quem votar nas últimas semanas de campanha;

- 5% se definiram nos últimos dias de campanha;

- 3% decidiram em quem votar no dia anterior ao da eleição;

- 7% só decidiram em quem votar no dia da eleição.

De cara, percebe-se aí que 15% dos eleitores informaram ter decidido o voto nos últimos dias, na véspera da eleição ou praticamente na hora de voto. É um número maior do que o dos índices de indecisos dos levantamentos de intenção de voto, o que significa que uma parcela dos entrevistados mentia aos institutos de pesquisas. Como os institutos podem resolver esse problema? Como os deputados, numa lei, vão definir esse “crime” dos institutos de pesquisas?

O percentual de eleitores que deixou para definir seu candidato na véspera ou no dia da eleição chega aos 10%. Como os institutos de pesquisas vão captar essas intenções de última hora? Somente uma pesquisa de boca de urna talvez fosse capaz de registrar esse movimento de último instante. Mas como uma lei vai regulamentar o direito do eleitor de não decidir antes? Como estabelecer uma sanção aos institutos de pesquisas com base nessa situação

Pelo visto, o que o Brasil tem mesmo é um bom punhado de eleitores remanchões ou ronceiros e deputados que gostam de produzir monstrengos de leis que não resolvem nada. É como se o país não tivesse problemas bem mais sérios para serem discutidos. E resolvidos.

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Josival Pereira

JOSIVAL PEREIRA, natural de Cajazeiras (PB), é jornalista, advogado e editor-responsável por seu blog pessoal.

Em sua jornada profissional, com mais de 40 anos de experiência na comunicação, atuou em várias emissoras Paraibanas, como diretor, apresentador, radialista e comentarista político.

Para além da imprensa, é membro da Academia Cajazeirense de Letras e Artes (Acal), e foi também Secretário de Comunicação de João Pessoa (2016/2020), Chefe de Gabinete e Secretário de Planejamento da Prefeitura de Cajazeiras (1993/1996).

Hoje, retorna à Rede Tambaú de Comunicação, com análises pontuais sobre o dia a dia da política nacional e paraibana.