Estudo revela que vão faltar 235 mil professores na educação básica em 2040 no Brasil
Problemas na área da educação deveriam virar bandeira prioritária de todos os parlamentares e gestores eleitos
O Dia do Professor transcorreu durante o fim de semana (15 de outubro) e, talvez por isso, ou seja, sem aulas, passou meio despercebido. Também parece não haver muito o que comemorar.
Nas campanhas eleitorais - nacional ou locais, o tema educação até aparece, como sempre, com maior ou menor intensidade, dependendo do candidato, mas o professor compõe os planos de governo sem a centralidade que deveria. Fala-se em melhoria de salários e melhores condições de trabalho, todavia, como essa é a cantilena de sempre e de todos, as propostas nem chamam a atenção.
Aproveite-se, pois, o momento para a apresentação de um problema de elevada gravidade na área da educação e que deveria virar bandeira prioritária de todos os parlamentares e gestores eleitos, além de preocupação urgente de toda sociedade. Vai faltar professores no Brasil. Faltarão 235 mil professores na educação básica brasileira em 2040.
A conclusão é de um estudo do Instituto Semesp (semesp.org.br), ligado ao sindicato das mantenedoras de ensino superior no Brasil, realizado durante uma década, e divulgado na última sexta-feira (14/10), com o título Risco de “apagão” de professores no Brasil.
O problema é que está havendo uma drástica redução na taxa de egressos nos cursos de licenciatura (a graduação para professores). Entre 2010 e 2020, essa taxa ficou em 4,4%.
O estudo constatou um profundo desinteresse em relação aos cursos de licenciatura, comparando-se com os cursos superiores em outras áreas do conhecimento. A partir de 2016, houve até razoável aumento de matrículas em cursos de licenciatura na modalidade EAD (à distância), chagando a uma elevação de 73,2% em 2020, mas houve uma queda de 37,6% de ingressos nos cursos presenciais.
A questão, contudo, é que a evasão parece incontrolável. Se, no geral, a taxa de crescimento de matrículas chega aos 61% (média), a taxa de concluintes aumenta em apenas pouco mais de 4%. O estudo avalia que haverá uma diminuição de 20,7% no número de professores na educação básica até 2040.
As razões para essa hecatombe civilizatória anunciada são do conhecimento geral: salários mais baixos do que em outras áreas e as precárias condições de trabalho em muitas escolas. Na essência, a principal razão desse quadro desolador é, de há muito, a falta de reconhecimento do professor perante à sociedade.
Esse estudo da Semesp é o prenúncio de trevas na educação nacional. Sem qualquer dúvida.
À propósito, talvez não seja demais relacionar esse quadro da educação com a política e afirmar que o baixo nível das campanhas eleitorais já seja consequência do descaso com que o país vem tratando seus professores.
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