Zema fareja vácuo e tenta se credenciar líder da direita no Brasil
A movimentação do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), chama a atenção nesse segundo turno da campanha eleitoral nacional.
O empresário e político mineiro não para. Abandonou a opção de distanciamento da primeira etapa da campanha e colou no presidente Jair Bolsonaro. Está batendo os quatro cantos do Brasil e virou defensor ardoroso do presidente. Aproveita e também se aproxima de governadores eleitos ou candidatos bolsonaristas com chances de vitória no segundo turno.
A última de Zema é mais bolsonarista do que todos os bolsonaristas poderiam esperar. Ele está espalhando que aposentados da Petrobrás, Correios e Caixa Econômica estariam descontando R$500,00 por mês de seus benefícios para cobrir dívidas do tempo das gestões do PT.
A campanha de Bolosonaro estava esperneando nos últimos dias para estancar desgastes com o vazamento de informações de que o ministro Paulo Guedes, da Economia, estaria decidido a desvincular o aumento de aposentados e do salário mínimo da inflação. Com isso, aumentos poderiam ser abaixo da inflação, o que geraria perda de renda dos trabalhadores e dos aposentados. Houve desmentido generalizado no governo, mas ninguém tinha sacado jogar a culpa em Lula e nos governos petistas como sempre ocorre ao bolsonarismo. Esperava-se que o episódio Roberto Jefferson desviasse o tema da pauta. Zema conseguiu e deverá captar muita simpatia entre os bolsonaristas.
Por que Zema mudou de atitude do primeiro para o segundo turno em relação ao presidente Bolsonaro?
A impressão é que Zema varejou um vácuo de liderança na direita nacional depois das eleições atuais. Inevitavelmente, o vácuo vai se abrir, com a derrota ou com a vitória de Bolsonaro.
Com uma possível derrota de Bolsonaro, a direita pode ficar incontinentemente órfã já agora. Bolsonaro será responsabilizado pela derrota e, certamente, investigações paradas no Supremo Tribunal Federal (STF) vão começar a andar e é previsível que novas denúncias surjam, com provas, criando divulgada para sustentar a liderança do mito. Com uma postura mais moderada, gestão aprovada pela população e uma vitória eleitoral em primeiro turno com 48,29% dos votos de Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país, Zema pode se credenciar como o líder da direita moderada ou direita democrática no Brasil.
Uma vitória de Bolsonaro também não mudaria os planos de Zema. Ele teria apenas que alterar estratégias, uma vez que, nesse caso, precisará contar com o apoio do presidente para continuar nacionalizando seu nome. Poderá ter problemas se Bolsonaro quiser um aliado mais radical no posto de líder da direita brasileira.
Perceba-se ainda que Zema não perde oportunidade de criticar o PT e Lula. Busca a polarização já de agora. Avalia que deu certo em Minas e pode repetir a façanha nacionalmente. Com um detalhe: em sendo eleito, ao final do governo, Lula estará com 80 anos. Talvez nem seja candidato à reeleição. Aí, o vácuo de liderança será geral.