Campanha para presidente virou “pau de galinheiro”
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fechou a quinta-feira com uma pauta de representações eleitorais um tanto sombria envolvendo os dois principais candidatos a presidente da República.
Do lado do presidente Jair Bolsonaro, a notícia liberada pelo Corte Eleitoral foi a negativa a um pedido seu para retirar do ar a propaganda de Lula abordando o caso da compra de 51 imóveis com suposto dinheiro vivo pela família do presidente.
Os advogados de Bolsonaro alegaram que se tratava de fato inverídico e gravemente descontextualizado. O ministro Paulo de Tarso Sanseverino rejeitou o argumento afirmando que os próprios representantes citam a reportagem do UOL replicada pela campanha de Lula, o que anularia as alegações da campanha bolsonarista.
Em suma, o ministro entendeu que existe uma reportagem narrando fatos que (ainda) não podem ser considerados inverídicos. Assim, manteve no ar a propaganda de Lula.
Em relação a Lula, as informações da imprensa são de que seus advogados teriam acionado a Justiça Eleitoral para retirar do ar propaganda de Bolsonaro na qual ele chamaria Lula os filhos de ladrão. Ainda não existe decisão sobre essa representação.
Veja-se a que nível a política brasileira chegou. Os dois principais candidatos à Presidência tentando impingir um ao outro a pecha de corrupto. Um deles será o presidente e vai chegar ao cargo de alguma forma sujo pelos ataques da campanha eleitoral.
Na verdade, essas duas representações são apenas uma pequena amostra da lama em que se tornou a campanha eleitoral para presidente. Nos últimos dias, os advogados de Lula e Bolsonaro ajuizaram mais de 30 representações de um contra o outro. Todas por fakenews. Na linguagem chula, virou “pau de galinheiro”. No popular, é o sujo falando do mal lavado.
É triste constatar que a política brasileira não evolui. Repete-se, nas campanhas eleitorais, práticas da primeira metade do século passado, quando os coronéis, desprovidos de planos de governo e argumentos razoáveis, recorriam a todos os expedientes para destruir a reputação do adversário.
Mas esse nivelamento por baixo cultivado pelos candidatos a cargos eletivos não pode ser atribuído apenas aos políticos. Os eleitores aplaudem e se dividem entre se agarrar ao mais sujo ou ao mais fedorento. E todos, juntos, vão empurrando o Brasil o fundo da fossa política.