Ipec contraria Ipespe e BTG/FSB e dá 15 pontos de vantagem a Lula
Como explicar diferenças tão significativas em levantamentos eleitorais no Brasil
A nova pesquisa do Ipec (Instituto em Pesquisa e Consultoria Estratégica), formado por antigos executivos do Ibope, divulgada na noite desta segunda-feira, trouxe números bastante diferentes dos levantamentos do Ipespe e do BTG/FSB e contraria o viés de crescimento constante de Bolsonaro nas últimas semanas.
Pelo Ipec, Lula aparece com 46% das intenções de voto (2 pontos percentuais a mais em relação ao levantamento anterior) e Bolsonaro manteve os 31%. A diferença chega aos 15 pontos, o que reabre a possibilidade de o candidato petista vencer no primeiro turno.
Os números do Ipespe, conhecidos no sábado, apresentam uma diferença de 8 pontos percentuais e, pela pesquisa BTG/FSB, divulgada na manhã desta segunda-feira, a diferença entre Lula e Bolsonaro seria de apenas 6 pontos percentuais.
Se as pesquisas Ipespe e BTG/FSB animaram os bolsonaristas, que passaram a acreditar até numa onda de virada na reta final da campanha, o levantamento do Ipec restabelece a confiança de Lula e dos petistas.
A semana ainda será marcada por várias pesquisas, mas o levantamento do Datafolha, a ser divulgado na quinta ou na sexta-feira, deverá balizar a disputa nas duas últimas semanas de campanha.
O que poderia explicar as diferenças entre essas três últimas pesquisas eleitorais?
Existem dois detalhes mais significativas a serem observados. Um deles é a forma de aplicação das entrevistas. Ipespe e BTG/FBS estão fazendo pesquisas por telefone, uma metodologia mais recente e que está sendo testada mais amplamente na atual campanha. Há mais dificuldades para a aplicação das variantes necessárias (idade, sexo, escolaridade, renda, etc.) e fragilidade na captação das informações à distância do eleitor. O Ipec está realizando entrevistas pessoais, face a face, o que pode dar mais qualidade ao levantamento.
Outra diferença visível diz respeito ao número de entrevistas aplicadas. O Ipec ouviu 2.512 eleitores, o BTG/FSB aplicou 2 mil questionários e o Ipespe ouviu apenas 1.100 pessoas.
Parece pouco, mas essas discrepâncias são capazes de produzir resultados diferentes numa pesquisa, o que pode explicar os variados índices de intenção de voto apresentados por cada um dos institutos nas últimas semanas.
O eleitor não merece essas dúvidas. Situações assim, com certeza, já cobram regras mais claras e transparentes, além de rigor técnico, na aplicação de pesquisas eleitorais no Brasil.