Na Paraíba é assim: esquerda contra esquerda e direita contra direita
Os últimos dias da campanha eleitoral na Paraíba, especialmente a disputa para o Senado, fizeram aflorar confrontos que já estavam postos desde o início, mas que agora ganharam contornos mais severos.
Estão acentuadas as trocas de acusações entre as campanhas do ex-governador Ricardo Coutinho (PT) e da deputada Pollyanna Dutra (PSB) tendo como móvel o indeferimento da candidatura do segundo pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PB).
Em peças da propaganda eleitoral, a campanha de Pollyanna menciona o fato do indeferimento e aduz que os votos dados a Ricardo serão nulos. No troco, a campanha de Ricardo tenta ligar Pollyanna ao bolsonarismo mencionando o marido da candidata (Barão Dutra, filiado ao PL), e os irmãos Daniella e Aguinaldo Ribeiro.
Do outro lado, a contenda mais recente se trava entre o candidato do PL, Bruno Roberto, e o candidato do União Brasil, Efraim Filho. O segundo tenta desidratar a candidatura do primeiro “roubando” cabos eleitorais, incluindo o segundo suplente da chapa liberal, Isaac Venerando, e o candidato a deputado estadual Gilson de Araruna.
Desde o início da campanha, com frequência, o pastor Sérgio, candidato do PRTB ao Senado, faz duras críticas a Bruno Roberto e, via de regra, recebe troco na mesma moeda. Eles costumam disputar quem é mais bolsonarista e conservador.
O padrão de confrontos na campanha para o Senado é curioso. Os dois candidatos de esquerda brigam entre si. É esquerda contra a esquerda. Na outra banda, os candidatos de direita brigam entre eles. É direita contra a direita e contra direita.
Pelo que se observa, a campanha eleitoral para senador na Paraíba revela um estágio de autofagia ideológica, que pode agravar-se caso o segundo turno seja disputado entre o governador João Azevedo (PSB) e o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB).
E o que essa autofagia ideológica revela? Contraditoriamente, transborda que, apesar de se nutrirem dos elementos ideológicos de esquerda e de direita, conforme o caso, o que move todas essas candidaturas são, na verdade, interesses puramente pessoais. A ideologia parece servir apenas para atrair os fanáticos e mais apaixonados.