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Coluna - Josival Pereira

Votos em mulheres e negros serão contados em dobro para divisão de recursos dos fundos partidário e eleitoral

Por Josival Pereira Publicado em
Fim do prazo aconteceu nesta segunda-feira (15)
Fim do prazo aconteceu nesta segunda-feira (15) (Foto: TSE/Divulgação)

A polêmica pública começou com ACM Neto (Antônio Carlos Magalhães Neto), candidato a governador da Bahia pelo União Brasil. Descobriu-se que ele, um branco de família tradicional, havia se autodeclarado pardo em seu processo de registro de candidatura. O assuntou fervilhou nas redes sociais, com críticas e memes, e avalia-se que o candidato chegou a cair nas pesquisas pela repentina mudança na cor da pele.

A candidata a vice-governadora na chapa de ACM Neto, a empresária Ana Coelho, também renunciou à branquitude e virou parda.

Na Paraíba, o Jornal da Manhã, da rádio Jovem Pan (Rede Tambaú de Comunicação) descobriu que ex-governador Ricardo Coutinho, que também era branco e havia se autodeclarado pardo, pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para retornar à condição de branco no registro de candidatura.

Pasmem! Não são casos isolados. Fazem parte de um movimento no país. De acordo com dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), revelados numa reportagem do Consultor Jurídico (conjur.com.br), o número de candidatos que se autodeclararam negros para a disputa das eleições deste ano superou o de candidatos que se dizem brancos. Em 2018, os brancos eram 52,4%. Agora são 49,95%. Os negros eram 46,56% em 2018. Agora chegam à casa dos 50%.

No Congresso, 33 parlamentares que disputam à reeleição deixaram de ter a cor da pele branca e agora se autodeclaram pardos.

O que está acontecendo? A luz da consciência invadiu o mundo dos políticos e, de repente, eles decidiram, espontaneamente, contribuir para reduzir o racismo estrutural nas instâncias de poder do país?

Evidentemente que não. Esse triste espetáculo envolvendo políticos nacionais tem a ver com a Emenda Constitucional 111, que determina a contagem em dobro de votos conferidos a mulheres, negros e pardos nas eleições de 2022 a 2030 para efeitos de repartição de recursos dos fundos partidário e de financiamento de campanhas, uma espécie de cota visando aumentar a participação de mulheres e negros na política.

Esse movimento de mudança de autodeclarações de cor da pele de candidatos tem nome. Chama-se afro-conveniência, o aproveitamento indevido de uma política antirracista. É a fraude de um instrumento - duvidoso, é certo – que busca reduzir a desigualdade racial na política e a predominância histórica da dominação branca.

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Josival Pereira

JOSIVAL PEREIRA, natural de Cajazeiras (PB), é jornalista, advogado e editor-responsável por seu blog pessoal.

Em sua jornada profissional, com mais de 40 anos de experiência na comunicação, atuou em várias emissoras Paraibanas, como diretor, apresentador, radialista e comentarista político.

Para além da imprensa, é membro da Academia Cajazeirense de Letras e Artes (Acal), e foi também Secretário de Comunicação de João Pessoa (2016/2020), Chefe de Gabinete e Secretário de Planejamento da Prefeitura de Cajazeiras (1993/1996).

Hoje, retorna à Rede Tambaú de Comunicação, com análises pontuais sobre o dia a dia da política nacional e paraibana.