Pesquisas apontam que 86% dos brasileiros já têm a certeza do voto
Esse elevado grau de fixação do voto reduz substancialmente margens de especulações e perspectiva de mudança de curso
A campanha eleitoral chega ao fim com um fenômeno inusitado no Brasil: o elevado grau de definição de voto. Duas pesquisas saídas do forno (Quest e PoderData) registram que 86% dos eleitores nacionais garantem já ter certeza do voto. Na Quest, apenas 13% admitem mudar de voto até domingo; na PoderData, 9%, sendo 3% entre os eleitores de Bolsonaro e 6% de Lula.
Esse elevado grau de fixação do voto reduz substancialmente margens de especulações e perspectiva de mudança de curso na tendência das eleições na antevéspera e véspera da campanha.
A radicalização da polarização levou o eleitor a se definir com antecedência, embora seja prudente não fiar totalmente nas pesquisas eleitorais.
Seja como for, mesmo reservando-se boa margem de erro às pesquisas, o mais provável é que os levantamentos tenham captado a correta de intenção de voto dos brasileiros.
Assim, o que as pesquisas sugerem seria apenas a dúvida entre se o pleito acaba ou não no primeiro turno. Dois grandes institutos – Datafolha e Ipec – apontam abertamente a probabilidade de vitória de Lula no primeiro turno. O Quest, em pesquisa divulgada nesta quarta-feira, passou a também vislumbrar a eleição do petista já neste domingo. Outros cinco ou seis importantes institutos não captam a probabilidade de as eleições presidenciais acabarem em primeiro turno. Entre os institutos que apontam Bolsonaro na frente, as diferenças são pequenas e, lógico, mantêm a dúvida sobre o resultado do domingo.
A polarização também mina o terreno para o voto envergonhado, aquele que o eleitor esconde, evitar revelar, de forma que a tendência mais evidente é a de que vai funcionar, no domingo, a certeza de voto manifestada por quase 90% dos eleitores.
Registre-se, para melhor entendimento da questão, que já houve eleição no Brasil em que grande parte dos eleitores deixou para se definir nos últimos dias antes ou horas do pleito, mas quase nenhuma para presidente.
O fenômeno de definição de voto na última hora se registrou mais em grandes cidades, geralmente em eleições para prefeito, em momentos de mudanças localizadas e sem o grau de polarização prevalente na atual disputa nacional.
Mas existe um registro histórico a se observar que pode impedir uma definição já no primeiro turno. De todos os candidatos a presidente da República, desde a primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso (1994), apenas o presidente Jair Bolsonaro, em 2018, obteve mais votos do que previam as pesquisas da última semana de campanha.
Faltando uma semana, Bolsonaro tinha 38% nas pesquisas, na véspera eram 40% e o percentual conquistado no primeiro turno foi de 46%. Fernando Henrique, Lula e Dilma obtiveram nas urnas menos do apontavam às últimas pesquisas. Bolsonaro teria sido beneficiado pelo voto envergonhado. Desta feita, porém, uma das avaliações é a de que, ao contrário, ele pode ser prejudicado pelo voto envergonhado.
De qualquer forma, apesar do alto grau de certeza do voto e do movimento crescente nos últimos dias em favor de Lula, fia difícil cravar um prognóstico sobre o resultado do domingo.