PT bate cabeça mais uma vez em João Pessoa no segundo turno
Ala liderada por Ricardo Coutinho agora é contra posição nacional do PT. Já grupo que foi contra candidatura de Luciano Cartaxo anuncia apoio ao prefeito Cícero Lucena.
Nem mesmo o afunilamento do segundo turno conseguiu proporcionar uma unidade, ou algo próximo disso, no Partido dos Trabalhadores (PT) de João Pessoa. A derrota de Luciano Cartaxo (PT), quarto colocado no primeiro turno com 11% dos votos válidos, manteve praticamente o mesmo racha que vem perdurando antes mesmo da campanha eleitoral.
A presença no segundo turno de Marcelo Queiroga (PL), ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL), não foi suficiente para unir o PT. A ala que venceu a disputa interna pela candidatura de Cartaxo, e que contou com a autorização da executiva nacional, agora se volta contra o posicionamento vindo de cima. Nacionalmente o PT deliberou que é preciso "rechaçar" nas urnas "sem vacilações" os interesses eleitorais do ex-presidente da República.
Ricardo Coutinho (PT), ex-governador da Paraíba, anunciou através de postagem nas redes sociais que, neste segundo turno na capital, não vai nem de Queiroga e nem de Cícero, apontado o atual prefeito como parte também do campo bolsonarista.
"Vou seguir a voz da minha consciência e a razão de que uma outra política é possível e necessária. Não posso rebaixar meus sonhos, que são possíveis, trocando-os pela inutilidade de um voto em alguém que é um bolsonarista convicto e que adicionou a essa condição uma relação perigosa e nefasta com as facções criminosas que controlam as periferias da nossa Capital sob o olhar complacente e conivente do aliado de Cícero, João Azevedo, que também se serviu dessa estrutura criminosa em 2022", justificou Coutinho.
Em posicionamento semelhante, o deputado estadual Luciano Cartaxo e o PSOL de João Pessoa optaram por não apoiar nenhuma das candidaturas que foram ao segundo turno. A situação, que gerou incômodo em parte da militância do PSOL e do PT, também teve divergência de uma liderança política próxima ao ex-governador.
Através das redes sociais, a ex-prefeita do Conde Márcia Lucena (PT) declarou voto em Cícero Lucena (Progressistas) justificando ser necessário evitar a vitória de Marcelo Queiroga (PL). "Queiroga não! Não ao fascismo, ao bolsonarismo, que foi o mal acima dos males pelos quais lutamos contra na politica". afirmou Márcia.
PT com Cícero
Por outro lado, chegou a vez do grupo que foi contra a escolha de Cartaxo como candidato em João Pessoa a cobrar respeito ao direcionamento nacional. Ainda na semana passada, o diretório municipal, com os apoios da deputada estadual Cida Ramos (PT), preterida pelo partido para disputar as eleições, além do único vereador eleito pelo partido na capital, Marcos Henriques (PT), manifestou apoio ao atual prefeito de João Pessoa e candidato à reeleição.
"O quadro se apresenta como preocupante, visto que a presença do candidato Marcelo Queiroga (PL) significa a possibilidade da nossa capital ser governada por uma gestão de ultradireita, de teor autoritário, negacionista, ultraliberal, cujo candidato foi ministro da saúde do governo Bolsonaro, responsável por centenas de milhares de mortes, por negar vacina às pessoas”, justificou, em nota, o PT de João Pessoa.
Nada de novo no PT
E, desta forma, caminha mais uma vez o PT na mais importante disputa na Paraíba neste ano. As rachaduras internas com fraturas sempre expostas talvez expliquem como um partido de ampla militância e inegável sucesso nacional consegue amargar tantas derrotas nas urnas do estado, registrando apenas 1 prefeito eleito em 223 municípios e conquistando apenas 1 das 29 cadeiras da Câmara Municipal da capital.